Precisamos de uma entidade municipal que organize os transportes urbanos em Esposende.
Deixem-me ser realista, o ótimo seria estar a falar de ferrovia, ou de um sistema de metropolitano, mas sendo realista, a implementação da ferrovia em Esposende, ou do metro de superfície do Quadrilátero do Minho, ou mesmo uma putativa expansão do Metro do Porto estão a algumas décadas de ocorrer, como tal, a correção desse erro histórico vai demorar.
Então, olhemos para o transporte urbano rodoviário!
Olhando para o atual panorama dos transportes públicos, mesmo com o reforço advindo da CIM Mobilidade, ganhamos mais algumas opções no que diz respeito a ligações com os concelhos vizinhos, mas falta reformular os transportes intra-concelhios.
Autocarros predominantemente de 52 lugares, com um elevado número de paragens, que levam 40 minutos para fazer Apúlia-Esposende, ou Forjães-Esposende, ou Curvos-Esposende, sem horários que sirvam os turnos da noite nas Zonas Industriais, não se tornam uma alternativa competitiva para quem têm a possibilidade financeira de usar o seu próprio veículo.
Olhando para a operação atual, quer os veículos usados, quer as rotas implementadas pelas empresas de viação com protocolo com o Concelho de Esposende apenas com significativos volumes de passageiros serão rentáveis tendo para isso obrigatoriamente de terem diversas paragens no seu lés-a-lés no concelho, rotas que vão desde Apúlia a Antas e seguem para os concelhos vizinhos, tornando assim mais demorados os percursos, e com menor frequência nas zonas mais habitadas ou nos destinos mais requisitados.
Diria então, que precisamos de um outro tipo de transporte urbano, mais leves, mais ágeis e mais pequenos, com rotas circulares em regime pendular nas zonas mais habitadas e pelos destinos preferenciais normais (zonas industriais, escolas, unidades de saúde, e centros de localidades) fazendo da Estação de Camionagem o pivot de toda esta rede, e pela sua reduzida dimensão, passíveis de serem confortavelmente usados dentro das localidades e representando menores custos de operação (alguns já são 100% elétricos) e libertando recursos para podermos assegurar serviço noturno, em especial para as Zonas Industriais do Concelho.
Não ter autocarros a partir das 21:00 para as Zonas Industriais é fazer com que alguns trabalhadores arrisquem deslocar-se a pé ou de bicicleta para o seu local de trabalho pelas Estradas Nacionais.
As zonas que numa 1ª fase justificariam linhas circulares e pendulares dentro delas são facilmente identificáveis. Uma circular entre Marinhas, Esposende e Gandra, passando pela Zona Industrial ( fazer Marinhas->Esposende->Gandra->Esposende->Marinhas), uma outra circular entre Apúlia, Fonte-Boa e Fão, e ainda entre Forjães e Antas, mas desta vez com passagem pela Zona Industrial do Neiva (pela grande presença de forjanenses a trabalhar lá). Nas restantes freguesias será necessário uma revisão dos pontos de paragem para otimização do tempo, com ligação preferencial à Estação de Camionagem para permitir fazer a ligação em estrela ao resto do concelho.
Mas nada disto é novo, se no Verão temos o Mini-Bus em circuito pendular para as praias, ou para a Galaicofolia, será então uma expansão desse modelo para todo o concelho.
Precisamos então de uma entidade própria, nossa, decorrente da confiança política saída dos votos populares.
Uma entidade que analisa e adapte mais facilmente, e rapidamente, os horários e as frequências de autocarros, que não esteja dependente de contratos e protocolos para criar novas rotas, e que se articule com as restantes forças vivas do concelho para que mais facilmente se encontrem as respostas para as populações em termos de transportes.
Não é uma desconfiança pelos operadores privados de transportes atuais, mas é claro que pela sua própria Natureza que a visão do lucro está presente, e que a gestão dos seus meios terá esse fim, encadeando com as restantes necessidades dos concelhos vizinhos e mesmo com uma Empresa de Transportes Urbanos teremos sempre momentos, e rotas, que poderão ser feitas por operadores privados, mas ficar presos a entidades externas como única solução para os transportes urbanos pode-nos voltar a colocar numa situação igual à subida de preços dos passes de Expressos para o Porto como tivemos de fazer face recentemente (resolvida no entretanto sejamos justos).