O dia 31 de Maio é o Dia dos Irmãos. É uma iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que quer valorizar “o bem da família e da fraternidade humana”, ao mesmo tempo que deixa uma mensagem “profética”.
“A encerrar o mês da família, ao falarmos dos irmãos estamos a lembrar os irmãos e as irmãs de sangue, aqueles que nasceram na mesma família e com os quais, naturalmente, estabelecemos um relacionamento fraternal espontâneo. Com os irmãos e as irmãs na mesma família crescemos e aprendemos a viver. Muitos ou poucos, o relacionamento com os irmãos é diferente do relacionamento com os pais, é o relacionamento com alguém que tem um estatuto semelhante e que goza dos mesmos afetos e apoio familiar”, dá nota a CEP.
Para além de destacarem o tempo de família, a CEP lembra “a importância do crescimento no espaço e tempo da Escola“.
“Um ambiente seguro com um companheirismo saudável entre colegas de turma, respeitabilidade pelos professores e outros funcionários, é decisivo para edificar pessoas felizes e uma sociedade mais fraterna. É necessário reconhecer que aquilo que distingue o valor dos irmãos não é o sangue, mas o espírito e o amor fraternal existente. Neste sentido, encontramos situações de fraternidade entre pessoas que se estimam como irmãos apesar de não terem a mesma origem familiar”, destaca a CEP.
“Para o Dia dos Irmãos queremos valorizar todos os que se assumem como verdadeiros irmãos e irmãs, que guardam uma estima especial. Embora não estejam sempre juntos, interessam-se e preocupam-se pelo seu bem-estar. Para quem nasceu numa família numerosa, por força das circunstâncias, desenvolvem-se cuidados de ajuda mútua muito cedo, mas também existem filhos únicos que são generosos e consagraram a sua vida a cuidar de outras pessoas”, destaca ainda esta associação, preocupada com ” família em tempo de guerra”.
“A dimensão fraternal da vida humana é profética. Isto é, a sociedade mundial é chamada a ser uma família de irmãos e irmãs que se interessam uns pelos outros. As guerras e conflitos existentes em vários países denunciam que há muito caminho a percorrer para chegar à fraternidade mundial reconhecida por todos”, frisam.
Mas a CEP aponta ainda preocupação com “as manifestações de ódio sociedade portuguesa”
“As manifestações de ódio e o aumento de registos de violência e agressividade em Portugal, entre as pessoas da mesma família, contradizem o sonhado ambiente de fraternidade e de edificação da paz. Não desistamos, em família e em todas os espaços onde estivermos, pautemos a nossa existência em atitude de fraternidade”, refere a CEP.
Um homem ou mulher que segue na rua à nossa frente e cai no chão, inesperadamente, gera-nos um apelo espontâneo para ajudar a levantar e a estabelecer um diálogo. A dimensão fraterna está inscrita na nossa natureza humana. Se não formos fraternos, não somos humanos. Jesus reforça o apelo à nossa fraternidade, identificando-se com todo aquele que se apresenta necessitado de algum apoio: “o que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes” (Mt 25, 40).
Não desistamos da nossa vocação humana à fraternidade com verdade
“Francisco (de Assis) recebeu no seu íntimo a verdadeira paz, libertou-se de todo o desejo de domínio sobre os outros, fez-se um dos últimos e procurou viver em harmonia com todos”. (FT 4). Foi este pobre, mas grande Santo do amor fraterno, Francisco de Assis, que inspirou o Papa Francisco a escrever a Encíclica Fratelli Tutti (todos irmãos) onde nos desafia: “Sonhemos como uma única humanidade, como caminhantes da mesma carne humana, como filhos desta mesma terra que nos alberga a todos, cada qual com a riqueza da sua fé ou das suas convicções, cada qual com a própria voz, mas todos irmãos” (FT 8).