Viana: 21 tempestades em 34 dias e um recuo de 21 metros de praia no Rodanho. Câmara recupera danos

Quem passa pelas praias do Rodanho e na Amorosa, esta última recebe este ano duas bandeiras azuis, uma a norte e outra a sul, percebe que aqueles destinos turísticos de Viana do Castelo já tiveram outrora “melhores tempos”.

Os danos são visíveis nos apoios de praias, passadiços, acessos, e outros aspectos que baralham muitas vezes os turistas ou simplesmente peregrinos de Santiago que esbarram em caminhos fechados face às alterações…climáticas.

A Câmara de Viana do Castelo reconhece o problema e não se esconde, dando nota de algumas ações para recuperar a beleza de outrora ou simplesmente a fluidez do local em sintonia com a natureza e gentes locais que sofreram, a título de exemplo, 21 tempestades em 34 dias.

“A orla costeira vianense, entre outubro de 2023 e março de 2024, foi assolada por 36 tempestades marítimas, 21 das quais entre 8 de fevereiro e 12 de março”, destaca a Câmara de Viana do Castelo, liderada por Luís Nobre, em resposta às questões do E24 .

“Este conjunto de ocorrências, com uma frequência nunca antes registada, intensificou o processo erosivo existente neste segmento costeiro, tendo provocado o recuo da linha de costa, com uma perda efetiva de área dunar de 12 metros e a formação de arribas dunares, com alturas entre os 5 e os 15 metros. Sublinha-se que na praia do Rodanho (Vila Nova de Anha), localizada a norte da Amorosa (Chafé), a linha de costa recuou cerca de 21 metros”, frisa ainda a autarquia, colocando a nu um grave problema que está assolar a costa, não só em Viana do Castelo, mas em todo o Minho.

Os fenómenos meteorológicos referidos e o processo erosivo, em curso, neste segmento costeiro, causaram a destruição de todos os acessos, como escadas, à praia da Amorosa, assim como de alguns troços de passadiços sobrelevados.

No entanto a Câmara, dentro das limitações orçamentais e estando fora do Parque Natural do Litoral Norte, está a reformular todas as acessibilidades e apoios às praias.

“Tendo em consideração o sucedido e as previsões do que vai acontecer futuramente, tendo em atenção as taxas de erosão anuais, nesta praia, foi necessário reformular-se as acessibilidades pedonais com passadiços sobrelevados, encontrando-se, neste momento, em conclusão as obras efetuadas”, destaca a autarquia e que o E24 comprovou in loco com algumas obras a decorrer.

A Amorosa, na freguesia de Chafé, recebe este ano duas Bandeiras Azuis (Amorosa Norte e Amorosa Sul). Atenta ao facto, a autarquia liderada por Luís Nobre está a reforçar infraestruturas.

“Como por exemplo casas de banho”, aponta, sublinhando no entanto que “quer a Amorosa Norte quer a Amorosa Sul encontram-se concessionadas, sendo da responsabilidade dos concessionários os respetivos apoios de praia mínimos”.

A Câmara tem feito algum trabalho e disto mesmo é a prova do bar que foi demolido no ano passado, devido ao termo da concessão e ao estado de degradação em que se encontrava. No entanto não se sabe se haverá um novo, até porque a Câmara aguarda o desenrolar do Plano de Intervenção de Praia (PIP) da Amorosa para avançar com uma reformulação do local.

“Aguarda-se que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) publique o Plano de Intervenção de Praia (PIP) da Amorosa, no âmbito do Programa da Orla Costeira de Caminha-Espinho, para avançar-se com os concursos públicos, no concerne aos Apoios de Praia previstos para esta praia”, justifica a autarquia.

Os habitantes locais pedem mais atenção à Amorosa, que na altura de verão triplica a população, acabando aquela localidade de Chafé sofrer forte pressão humana.

Nas infraestruras públicas desta freguesia de Viana do Castelo são visíveis danos nas vias, iluminação pública, passeios com vegetação danificados, assim como a recolha de lixo, da responsabilidade da Resulima, fica “aquém do desejado”, afirmam os moradores que dizem ainda, em conversas de c(h)afé, “também pagamos impostos como os restantes vianenses”.